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quarta-feira, 2 de junho de 2010

ALUNO vs PROFESSOR


Ok. Imaginemos que o senhor tenha razão. Deus não existe! Imaginemos também que o senhor tenha um filho na flor da idade. Um filho que ama muito e pelo qual seria capaz de dar a própria vida. Mas, para sua tristeza, ele está completamente afundado nas drogas; é um viciado. O senhor, como pai, já fez de tudo que pôde para ajudá-lo. Procurou os melhores especialistas, internou-o nos melhores centros de recuperação. Chorou, gritou, sofreu...Ninguém é capaz de fazer coisa alguma para libertá-lo das garras do vício e o senhor acaba de me “provar” que Deus não existe. Então, me diga: que esperança restaria para o seu filho? O homem se mexe nervoso, cruzando as pernas de um lado para o outro no sofá de couro marrom. Seus olhos brilham mais úmidos que nunca. São olhos redondos, de olhar penetrante. Mas, dessa vez, seus olhos estão tristes. Posso ver a emoção retratada no seu rosto. Talvez de dor e sofrimento. Sem querer, toquei numa ferida aberta em seu coração. E a ferida sangra. Ele tenta dizer algo, mas não consegue. Somente se levanta, faz um aceno com a cabeça e se retira. Enquanto sai, vejo-o esconder, discretamente, uma lágrima rebelde. No dia seguinte, fico sabendo que ele tem um filho. Um único filho de 20 anos, completamente destruído pelas drogas. Então, creio entender sua rebeldia, seu estranho orgulho intelectual e até a ironia de suas perguntas. Algumas semanas depois, antes de voltar ao Brasil, vou me despedir dele. Está emocionado. Ele me acompanha em silêncio até o primeiro andar; ali nos abraçamos. De repente, ele engole seco e diz: Alejandro, você sabe, eu não acredito em Deus, mas você sim. Por favor, peça ao seu Deus para que ajude meu filho.

PS.: Diálogo extraído do livro “Sinais de Esperança” (Ed. Casa). Alejandro Bullón conversa com seu professor, ateu, em Rockefeller Center/Nova York.

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